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Exame HIV Falso Positivo: Saiba Como Proceder e Garantir Seus Direitos

Introdução: um resultado que muda tudo

Receber um resultado positivo para HIV é algo que abala profundamente qualquer pessoa. Quando esse resultado se revela um falso positivo, o impacto emocional pode ser igualmente devastador, trazendo medo, angústia, vergonha e dúvidas sobre o futuro. Neste artigo, vamos explicar como proceder diante de um exame de HIV falso positivo, quais são os seus direitos legais, o que diz a jurisprudência brasileira, e como um advogado especializado pode ser essencial nessa jornada.

O que você vai encontrar neste artigo:

Ao longo do texto, abordaremos:

  • O que é um exame HIV falso positivo e por que ele ocorre;
  • Quais exames devem ser feitos para confirmar o diagnóstico;
  • Como os planos de saúde devem agir nesses casos;
  • Quais os direitos do paciente que recebe um diagnóstico incorreto;
  • Casos reais e decisões judiciais sobre o tema;
  • Modelos práticos e orientações de como agir;
  • O papel do advogado e como buscar indenização por danos morais.

1. O que é um exame HIV falso positivo?

O falso positivo ocorre quando o exame inicial indica que a pessoa tem HIV, mas exames confirmatórios posteriores demonstram que ela não está infectada. Isso pode acontecer por diversos motivos:

  • Interferências imunológicas;
  • Reações cruzadas com anticorpos de outras infecções;
  • Erro técnico do laboratório;
  • Problemas na coleta ou armazenamento da amostra;
  • Metodologia utilizada inadequadamente.

Embora raros, esses erros não são impossíveis, e exigem atenção profissional e apoio emocional imediato.

2. Diagnóstico de HIV: o que diz o Ministério da Saúde

O Manual Técnico para Diagnóstico da Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças (Portaria nº 29/2013) determina um fluxograma de confirmação para exames com resultado positivo. Isso significa que nenhum diagnóstico pode ser fechado apenas com um teste reagente inicial.

A confirmação exige:

  • Nova coleta;
  • Realização de exame complementar por outro método;
  • Em caso de discordância entre os testes, repetir o processo.

Se o laboratório ou serviço de saúde falha nesse protocolo, pode haver responsabilidade civil e direito à indenização.

3. Quais exames confirmam ou descartam HIV?

Além do primeiro teste rápido ou sorológico (ELISA), devem ser feitos:

  • Western Blot;
  • Teste de imunofluorescência;
  • Teste molecular (PCR);
  • Carga viral de HIV-1.

Esses exames servem para confirmar ou afastar o diagnóstico inicial. A ausência deles pode caracterizar erro médico ou falha na prestação de serviço.

4. O impacto emocional de um falso positivo

Ser informado de um resultado positivo para HIV é, para muitos, uma sentença de medo e isolamento. Os relatos de pacientes que passaram por isso são marcados por:

  • Transtornos psicológicos;
  • Constrangimento social;
  • Abalos familiares e conjugais;
  • Dificuldades no trabalho;
  • Angústia e desespero até a confirmação da contraprova.

Esse sofrimento não é mero aborrecimento, mas passível de indenização por danos morais.

5. O que fazer ao receber um resultado positivo inesperado

Se você recebeu um resultado positivo para HIV, mas não apresenta sintomas nem comportamentos de risco, siga este passo a passo:

  1. Mantenha a calma e não inicie tratamento imediatamente;
  2. Exija a contraprova com outro método laboratorial;
  3. Peça para que a segunda amostra seja coletada no mesmo local;
  4. Solicite um laudo com informações completas do procedimento realizado;
  5. Busque apoio psicológico e jurídico especializado.

6. O plano de saúde deve cobrir os exames confirmatórios?

Sim. Conforme a RN 465/2021 da ANS, o plano de saúde deve cobrir exames laboratoriais e de imagem necessários ao diagnóstico completo, inclusive PCR e carga viral para HIV.

Se houver negativa, o paciente pode:

7. Jurisprudências: quando o Judiciário reconhece o erro

A justiça brasileira já reconheceu o direito à indenização por dano moral em vários casos de exame de HIV com falso positivo:

TJ-PR – 17/08/2023:

“Resultado “reagente para HIV” informado sem teste complementar. Paciente teve que buscar contraprova por conta própria. Indenização aumentada para R$ 15.000,00.”

STJ – REsp 1251721/SP:

“A falha na prestação do serviço em decorrência do resultado falso-positivo para o vírus HIV ocasiona abalo emocional e enseja a indenização por dano moral.”

TJ-SE – 2024:

“Diagnóstico equivocado de HIV falso positivo em unidade de saúde vinculada ao município. Dano moral reconhecido. Indenização de R$ 20.000,00 mantida.”

Essas decisões mostram que erro laboratorial ou negligência no fluxograma médico geram responsabilidade civil.

8. Posso entrar com ação de indenização? Quem pode ser responsabilizado?

Sim. Caso você tenha passado por essa situação, é possível ajuizar:

  • Ação contra o laboratório;
  • Contra o plano de saúde (em caso de omissão ou negativa);
  • Contra o hospital ou unidade de saúde pública (responsabilidade objetiva do Estado);

A responsabilidade civil pode ser objetiva (sem necessidade de comprovar culpa) com base no art. 14 do CDC e no art. 37, § 6º da Constituição Federal.

9. Como se proteger e evitar novas falhas

  • Sempre solicite o laudo completo do exame;
  • Peça para repetir o teste em outro laboratório;
  • Não inicie tratamento sem confirmação diagnóstica;
  • Guarde comprovantes e laudos: eles são provas para eventual processo;
  • Consulte um advogado para orientação personalizada.

10. O papel do advogado em casos de HIV falso positivo

O advogado especialista em Direito da Saúde pode:

  • Avaliar se houve erro médico, laboratorial ou falha administrativa;
  • Solicitar documentos e prontuários;
  • Entrar com ação indenizatória por danos morais e materiais;
  • Acionar o plano de saúde ou o SUS para garantir exames e apoio;
  • Acompanhar a vitima em toda a esfera judicial e extrajudicial.

A atuação jurídica é fundamental para que o paciente seja respeitado e reparado.

Conclusão: não se cale, você tem direitos

Se você recebeu um resultado de exame HIV falso positivo, saiba que não está sozinho. O impacto é real, mas também são reais os seus direitos. A legislação e a justiça têm reconhecido a gravidade desse tipo de erro.

Se você está enfrentando essa situação, fale com um advogado especialista em direito da saúde para garantir seus direitos e sua tranquilidade.


Gabriel Bergamo, advogado especialista em direito da saúde e planos de saúde.

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